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Plantas Invasoras em Portugal

Portugal é um país de beleza natural exuberante, com uma diversidade única de ecossistemas que abrigam uma variedade impressionante de flora e fauna. No entanto, essa riqueza está ameaçada pela presença de determinadas espécies, que representam um desafio significativo para a biodiversidade e os ecossistemas locais. 

Diversas plantas, animais e outros organismos têm a sua origem noutros territórios, tendo vindo a ser incluídos acidentalmente nas terras portuguesas ou até mesmo importados deliberadamente devido aos seus benefícios quer socioeconómicos, quer estéticos e ambientais.

Estas espécies, denominadas de exóticas, caracterizam-se então por ser não-nativas da região em causa. Devido ao seu comportamento por vezes errático, estas plantas “vindas de fora” tomam também o nome de invasoras.

Neste artigo, apresentamos-lhe os motivos que levam a considerar uma planta exótica de invasora, assim como a realidade portuguesa neste tema.


As espécies invasoras podem ser um problema?

Tal como referimos anteriormente, as espécies exóticas invasoras são organismos que foram introduzidos em um novo ambiente, muitas vezes por ação humana, e que têm a capacidade de se espalhar rapidamente e causar danos significativos aos ecossistemas nativos. 

As espécies invasoras pertubam a coexistência equilibrada com outras plantas.

Apesar de por vezes estas serem trazidas para o território devidas às suas possíveis vantagens para o mesmo, por vezes podem afetar as espécies autóctones desse ecossistema. Essas espécies podem competir com as espécies locais por recursos como alimentos e espaço, predar sobre elas ou alterar o ambiente de forma a prejudicar a sua sobrevivência.

Os seus padrões de crescimento rápido, a expansão abrangente e a sua intrusão em áreas cultivadas são três dos motivos que tornam uma espécie exótica em invasora.


Em Portugal

Portugal não está imune ao problema das espécies exóticas invasoras. Devido à sua localização geográfica e ao intenso tráfego marítimo e comercial, o país é vulnerável à introdução de organismos não nativos. Além disso, as mudanças climáticas e o aumento do turismo têm contribuído para o aumento da introdução e disseminação dessas espécies invasoras.

Em Portugal continental, no decurso dos dois últimos séculos, tem-se observado um notável aumento no número de espécies exóticas. Nos dias que correm, este número tem alcançado as 670 espécies, isto é, cerca de 18% da flora nativa total.

No que diz respeito aos arquipélagos da Madeira e dos Açores, este valor é também muito alto.

Em relação à Madeira e ilhas adjacentes, estão identificadas 430 espécies exóticas, 43% da flora atual.  Nos Açores, este valor é ainda mais elevado, contando-se 60% de plantação exótica - um total de mais de 1000 espécies.


Espécies Invasoras em Portugal

Em Portugal, as espécies de plantas invasoras são reguladas por legislação específica. O Decreto-Lei n.º 92/2019 enumera 197 espécies dentro de todas identificadas cuja presença é proibida no território nacional, incluindo os arquipélagos da Madeira e dos Açores.

O ICNF - o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas - é a entidade responsável pela aplicação deste Decreto-Lei, para além dos seus encargos administrativos, técnico-científicos e fiscalizadores.

No nosso país, não é permitido o cultivo ou uso ornamental das plantas invasoras proibidas. O transporte de sementes ou de outros elementos destas é também interdito, para impedir a sua reprodução. 

Das 197 mencionadas acima, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas reconhece várias invasoras arbóreas (árvores e arbustos) que se conseguiram naturalizar, ou seja, estão bem adaptadas e com alta reprodução natural.

Da lista total, estas são apenas algumas das espécies exóticas invasoras que atualmente representam uma ameaça para os ecossistemas em Portugal:

  • Acácia (Acacia) - todas as espécies de Acacia causam danos significativos. O seu nível risco é sempre superior a 16, chegando a atingir os 31 em algumas variedades;
  • Cana-do-reino (Arundo donax) - uma erva perene de grande porte que ameaça a biodiversidade nativa . O seu nível de risco é de 14;
  • Jacinto-de-água (Eichhornia crassipes) - esta planta aquática flutuante é das mais perigosas para os territórios portugueses, com um risco de 30;
  • Chorão-das-praias (Carpobrotus edulis) - este é um subarbusto rastejante perene cujo nível de risco em Portugal ainda está em avaliação, apesar da sua presença cada vez mais extensiva.


A introdução e disseminação dessas espécies têm causado danos significativos à biodiversidade nativa e aos serviços ecossistémicos que esses ambientes fornecem.

Face à dispersão destas e outras espécies exóticas, têm sido promovidos vários projetos para diminuir o seu aparecimento e para reaver a floresta autóctone portuguesa.


Conclusão

O problema das espécies exóticas invasoras é uma preocupação global, e Portugal não é exceção.

É crucial que sejam tomadas medidas para prevenir a introdução de novas espécies invasoras e controlar aquelas que já estão estabelecidas. Isso requer uma abordagem coordenada e colaborativa entre governos, organizações não governamentais, cientistas e o público em geral. 

Somente através de esforços conjuntos podemos proteger nossos ecossistemas e garantir um futuro sustentável para as gerações futuras.